20 de março de 2009


Paço dos Cunhas de Santar: o Dão com classe

A beirã vila de Santar já era conhecida no mundo dos vinhos pelas colheitas saídas da Casa com o seu nome. Terra de inabaláveis tradições, vê agora o Paço dos Cunhas ser reabilitado pelo grupo Dão Sul, que ali criou uma unidade de enoturismo de alta qualidade. Um belo edifício seiscentista alberga um restaurante que promete tornar-se referência na região e abre-se a todos os que queiram saber mais sobre vinho e comida.

Comida e vinho- Mas a ideia é ocupar esse espaço com workshops sobre o vinho e, muito especialmente, a comida e a relação que ela pode ter com a bebida. Os denominados showcooking, sessões onde os interessados assistirão à confecção de pratos e ouvirão dicas de quem sabe do assunto, passarão a ter lugar nessa dependência com regularidade, tal como algumas provas de vinhos. Estas também podem decorrer no winebar e, por norma, incluem a prova de quatro ou cinco referências distintas da Dão Sul, acompanhadas de queijo da serra, broa de milho e bolachas.Mas, neste momento, será justo dizê-lo, um dos grandes atractivos do Paço dos Cunhas de Santar está mesmo ao lado da loja. O restaurante chefiado pelo jovem Luís Almeida, de 22 anos, e tutelado pelo não muito mais velho Diogo Rocha, 25 anos, chefe de cozinha do grupo, constitui-se já como uma referência na região, apesar de estar de portas abertas há tão pouco tempo. O que propõem é uma gastronomia baseada em coisas portuguesas – como enchidos, castanhas ou queijo da serra –, à imagem do que os outros à volta também fazem, mas diferindo na forma apurada como a apresentam. “Fazemos uma cozinha de autor com produtos tradicionais”, diz Diogo Rocha.

Um deleite- Comece-se pelas entradas, nas quais se pode encontrar coisas como um fantástico creme de castanhas, onde entram também peito de codorniz, trufa laminada e telha de cenoura, ou uma trouxa de mariscos acompanhada de creme de abóbora, emulsão de coentros e alho francês. Há também empada de enchidos tradicionais, guarnecida por acelga, shot de tomate e cebolinho. A ideia é mudar a carta sempre que se entra numa nova estação, recorrendo aos respectivos produtos e fazendo, invariavelmente, o seu casamento com o vinho, salienta o chef Diogo Rocha.Essa preocupação é evidente, por exemplo, naquela que se assume já como uma das bandeiras do estabelecimento: o enrolado de polvo. O prato é escoltado por frescos salteados, tomilho de limão e redução de vinho do Paços dos Cunhas de Santar, o da casa, portanto. Provamo-lo e ficamos convencidos. Para os mais dados à carne, da carta em vigor no último trimestre acenava uma tentadora bochecha de novilho, com salada tépida de batata assada com presunto pata negra, ervilha torta e emulsão de pimento.Das sobremesas, provámos creme de arroz doce, com semi-frio de canela e estaladiço de limão. Recomendamos. Mas podia ter sido também pudim de laranja, com mousse de chocolate e sementes de papoila ou até pão-de-ló, com sorvete de citrinos e hortelã. Cada uma delas faz parte de um dos três menus de degustação dedicados, respectivamente, às colheitas Vinha do Contador, Paço dos Cunhas ou Santar. Vale a pena lá dar uma saltada, nem que seja para beber um café na esplanada do magnífico átrio do paço.

In "Revista de Vinhos" Fevereiro de 2009
Texto: Samuel Alemão Fotos: Ricardo Palma Veiga

Nota do Blog: Parabéns Diogo Rocha pelo reconhecido trabalho efectuado em prol da região.
É bom saber que um Canense consta no mais prestigiado Prémio Nacional de Enoturismo, atribuido pela Revista de Vinhos.
Que depois deste prémio venham mais!!

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