HERDADE MONTE DA CAL
A BELEZA É INDISSOCIÁVEL DESTE ALTO ALENTEJO
Uma decoração cuidada, onde os elementos árabes respeitam a História local e, sobretudo, nos fazem sentir bem. Talvez seja a assunção do conceito de oásis. Porque quem quer que deambule, numa road trip à portuguesa (e que tem, no Alentejo, um dos cenários ideais), pode parar, entrar, olhar para a carta de vinhos e sentir esse reconfortante, mágico e sempre surpreendente sabor dos melhores néctares nacionais. FOI-NOS DADO TRATAMENTO VIP, MAS ESSE É, RIGOROSAMENTE, o mesmo para todos os que aqui entrem: um copo de espumante Cabriz brut é a prova em como, aqui, se sabe receber. As portas de todas as divisões estão sempre abertas. Passamos, assim, de uma agradável varanda, com vista sobre a propriedade, a vinha, o olival (a produção de azeite está para breve) e um absoluto silêncio, para a música ambiente da loja de vinhos ou a sala de estar (que se pode transformar em sala de eventos), a adega ou mesmo a cozinha. Aqui, é possível, após uma amena (e inspiradora) conversa com o chef Diogo Rocha, ficar para almoçar aquilo que ele, ao mesmo tempo que nos concede algumas lições de grande valor gastronómico, confecciona no momento.
NA LOJA DE VINHOS, NÃO EXISTEM APENAS OS MONTE DA CAL, mas sim todo o portefólio da Global Wines. Regiões Demarcadas, como o Dão, a Bairrada, o Douro, a Estremadura e até mesmo o Brasil (Pernambuco, a 8º do Equador, por incrível que pareça) estão aqui representadas por rótulos que o público mais conhecedor não dispensa na sua adega privada: Cabriz, Casa de Santar, Grilos, Quinta do Encontro ou Pedro & Inês são, apenas, alguns exemplos. A prova, disponível a qualquer visitante (além da óbvia oportunidade de adquirir o produto a valores mais reduzidos), pode incluir qualquer um. Uma garantia: serão servidos sempre à temperatura ideal, seja ele qual for. Um segredo: Se a prova se cingir aos vinhos do Monte da Cal, o valor não é debitado: “Se o nosso produto consegue trazer até nós os apreciadores, temos de os premiar por isso. Há várias interpretações de negócio, esta é a nossa”, afirma, convictamente, Casimiro Gomes, que tem muitas outras certezas: decoração cuidada, onde os elementos árabes respeitam a história local e, sobretudo, nos fazem sentir bem. Talvez seja a assunção do conceito de oásis. “É cada vez mais fácil fazer bons vinhos. Mas não podemos ser apenas bons nisso”, exclama. “Quando, em 1992, inaugurámos o enoturismo Quinta de Cabriz, fomos muito criticados. Era muito inovador, embora já os houvesse em França, Espanha ou Austrália. Em 1997, porém, o Esporão abriu portas num conceito idêntico. Hoje em dia, já está amplamente interiorizada a noção de que o enoturismo, mesmo sem alojamento, como é o nosso caso, dignifica o produto. Temos de ter boas vinhas, boas adegas e um produto de excelência, mas não basta”. Nem de propósito. Há uns anos, contra tudo e todos, alguém pensou: “Este ano é que é”. A Global Wines é produtora de vinhos alentejanos desde 2003. Mas só em 2007, foi inaugurada a adega. Um início que agora, afirma Casimiro Gomes, parece já longínquo: “Durante esses cinco anos, só tínhamos a propriedade. Não tínhamos, sequer, um pé de videira. Alugámos à Câmara Municipal um pavilhão onde montámos uma adega provisória, comprámos uvas e foi assim que chegámos a este ponto”. A Caixa teve, aqui, um papel crucial: “Foi o nosso parceiro financeiro desde o primeiro momento. Acreditaram no nosso projecto, desde sempre, e na nossa estratégia de longo prazo, o que é muito importante. Mais de 95 por cento deste projecto é financiado pela Caixa”, conclui, encaminhando-nos para a mesa, onde já nos espera um azeite frutado, proveniente de azeitona galega, a provar com pão regional. Segue-se uma divinal empada de enchidos tradicionais com acelga e shot de pêssego com tomate. Já estávamos prontos a aplaudir o chef Diogo Rocha quando chegou um puré de batata com trufas, espinafres salteados e lombinhos de porco preto grelhados, com redução de vinagre, que não poderia ser mais perfeito mesmo se, sobre ele, caísse um toucinho do céu com uvas trincadeiras e sourbet de canela. Os vinhos, irrepreensíveis. Por ordem de aparição: Terra Plana branco de 2007, Vinha de Saturno, o topo de gama da adega, e, para culminar, à sobremesa, um Vintage Port Quinta das Tecedeiras 2003. Há zelo, por aqui. O chef usa somente produtos tradicionais, de preferência, produzidos de forma artesanal, com um toque de sofisticação que apetece. Ainda mais, aliás, a Herdade Monte da Cal apetece!
In "Azul"
ANO VI 2008 N.˚36
A BELEZA É INDISSOCIÁVEL DESTE ALTO ALENTEJO
Uma decoração cuidada, onde os elementos árabes respeitam a História local e, sobretudo, nos fazem sentir bem. Talvez seja a assunção do conceito de oásis. Porque quem quer que deambule, numa road trip à portuguesa (e que tem, no Alentejo, um dos cenários ideais), pode parar, entrar, olhar para a carta de vinhos e sentir esse reconfortante, mágico e sempre surpreendente sabor dos melhores néctares nacionais. FOI-NOS DADO TRATAMENTO VIP, MAS ESSE É, RIGOROSAMENTE, o mesmo para todos os que aqui entrem: um copo de espumante Cabriz brut é a prova em como, aqui, se sabe receber. As portas de todas as divisões estão sempre abertas. Passamos, assim, de uma agradável varanda, com vista sobre a propriedade, a vinha, o olival (a produção de azeite está para breve) e um absoluto silêncio, para a música ambiente da loja de vinhos ou a sala de estar (que se pode transformar em sala de eventos), a adega ou mesmo a cozinha. Aqui, é possível, após uma amena (e inspiradora) conversa com o chef Diogo Rocha, ficar para almoçar aquilo que ele, ao mesmo tempo que nos concede algumas lições de grande valor gastronómico, confecciona no momento.
NA LOJA DE VINHOS, NÃO EXISTEM APENAS OS MONTE DA CAL, mas sim todo o portefólio da Global Wines. Regiões Demarcadas, como o Dão, a Bairrada, o Douro, a Estremadura e até mesmo o Brasil (Pernambuco, a 8º do Equador, por incrível que pareça) estão aqui representadas por rótulos que o público mais conhecedor não dispensa na sua adega privada: Cabriz, Casa de Santar, Grilos, Quinta do Encontro ou Pedro & Inês são, apenas, alguns exemplos. A prova, disponível a qualquer visitante (além da óbvia oportunidade de adquirir o produto a valores mais reduzidos), pode incluir qualquer um. Uma garantia: serão servidos sempre à temperatura ideal, seja ele qual for. Um segredo: Se a prova se cingir aos vinhos do Monte da Cal, o valor não é debitado: “Se o nosso produto consegue trazer até nós os apreciadores, temos de os premiar por isso. Há várias interpretações de negócio, esta é a nossa”, afirma, convictamente, Casimiro Gomes, que tem muitas outras certezas: decoração cuidada, onde os elementos árabes respeitam a história local e, sobretudo, nos fazem sentir bem. Talvez seja a assunção do conceito de oásis. “É cada vez mais fácil fazer bons vinhos. Mas não podemos ser apenas bons nisso”, exclama. “Quando, em 1992, inaugurámos o enoturismo Quinta de Cabriz, fomos muito criticados. Era muito inovador, embora já os houvesse em França, Espanha ou Austrália. Em 1997, porém, o Esporão abriu portas num conceito idêntico. Hoje em dia, já está amplamente interiorizada a noção de que o enoturismo, mesmo sem alojamento, como é o nosso caso, dignifica o produto. Temos de ter boas vinhas, boas adegas e um produto de excelência, mas não basta”. Nem de propósito. Há uns anos, contra tudo e todos, alguém pensou: “Este ano é que é”. A Global Wines é produtora de vinhos alentejanos desde 2003. Mas só em 2007, foi inaugurada a adega. Um início que agora, afirma Casimiro Gomes, parece já longínquo: “Durante esses cinco anos, só tínhamos a propriedade. Não tínhamos, sequer, um pé de videira. Alugámos à Câmara Municipal um pavilhão onde montámos uma adega provisória, comprámos uvas e foi assim que chegámos a este ponto”. A Caixa teve, aqui, um papel crucial: “Foi o nosso parceiro financeiro desde o primeiro momento. Acreditaram no nosso projecto, desde sempre, e na nossa estratégia de longo prazo, o que é muito importante. Mais de 95 por cento deste projecto é financiado pela Caixa”, conclui, encaminhando-nos para a mesa, onde já nos espera um azeite frutado, proveniente de azeitona galega, a provar com pão regional. Segue-se uma divinal empada de enchidos tradicionais com acelga e shot de pêssego com tomate. Já estávamos prontos a aplaudir o chef Diogo Rocha quando chegou um puré de batata com trufas, espinafres salteados e lombinhos de porco preto grelhados, com redução de vinagre, que não poderia ser mais perfeito mesmo se, sobre ele, caísse um toucinho do céu com uvas trincadeiras e sourbet de canela. Os vinhos, irrepreensíveis. Por ordem de aparição: Terra Plana branco de 2007, Vinha de Saturno, o topo de gama da adega, e, para culminar, à sobremesa, um Vintage Port Quinta das Tecedeiras 2003. Há zelo, por aqui. O chef usa somente produtos tradicionais, de preferência, produzidos de forma artesanal, com um toque de sofisticação que apetece. Ainda mais, aliás, a Herdade Monte da Cal apetece!
In "Azul"
ANO VI 2008 N.˚36